Leer las historias from Brazil

Leticia desde Brazil

Nossas crianças precisam crescer em um ambiente saudável. Precisamos de um meio ambiente equilibrado para as presentes e para as futuras gerações! O ar que eu respiro é tão importante quanto o ar que meus netos e bisnetos vão respirar! Zero carbono já! Não temos outro planeta para morar! Precisamos cuidar da nossa casa e do nosso planeta e infelizmente se a redução da poluição não partir espontaneamente precisamos de leis eficazes que regulamentem isso punindo os transgressores veementemente.

Mariana desde Brazil

No meu país, a cada 100 mil crianças de 5 anos, 41 morrem anualmente devido à poluição do ar. No total, esse é o motivo por trás de 50 mil mortes por ano no Brasil.

Esse é o pior dado de um problema quase sempre invisível, que traz muitas outras consequências para as vidas de todos nós. Sabemos que 93% das crianças do mundo estão expostas a níveis de materiais particulados muito acima dos considerados seguros pela OMS. Além de complicações respiratórias crônicas, esses poluentes chegam às nossas correntes sanguíneas e, assim, causam diversos outros problemas de saúde.

Ainda dentro de nossas barrigas, nossos bebês podem sofrer com atrasos no crescimento e prematuridade. Em nossos filhos, a poluição prejudica suas conexões neurais, impactando em habilidades psicomotoras e desenvolvimento cognitivo. Nos adultos, a péssima qualidade do ar que respiramos está relacionada a mortes por doenças pulmonares, doenças cérebro-vasculares, doenças do coração e câncer do pulmão.

Eu cresci em uma das cidades mais poluídas do Brasil, São Paulo. Passei a vida sofrendo com crises alérgicas e respiratórias sem saber sua verdadeira causa. Quando meu segundo filho nasceu, decidi sair de São Paulo e a poluição foi um dos principais motivos. Me mudei para uma cidade menor e, milagrosamente minhas crises alérgicas desapareceram. Meus filhos crescem saudáveis e sem grandes problemas respiratórios, em contato direto com a natureza todos os dias.

Essa não é, no entanto, a realidade de muitas crianças que não têm a oportunidade de “fugir” dos lugares onde a poluição é pior. E, por elas, devemos agir. Foi o que pensamos quando formamos um grupo de mães dispostas a enfrentar os privilégios da indústria automobilística no Brasil.

Num país onde a taxa de desemprego é superior a 14% e onde 27 milhões de pessoas vivem na pobreza, sabemos que cada emprego é importante. Por isso, quando algumas empresas do setor automotivo de São Paulo ameaçaram fechar suas portas e deixar o Estado, o Governo correu para liberar dinheiro público para que elas mantivessem suas atividades. Em 2019, foi aprovada uma lei que concede subsídios ao setor automotivo na forma de financiamentos de até R$ 10 bilhões para a expansão de fábricas. Caso optem por pagar antecipadamente o valor, os descontos podem chegar a 25%. Para acessar esses recursos públicos, basta que essas empresas gerem apenas 400 empregos.

Além do número insuficiente de novos empregos – no Estado de São Paulo vivem mais de 44 milhões de brasileiros –, o governo estadual não exigiu dessas empresas nenhuma contrapartida ambiental. As empresas automotivas internacionais que produzem veículos no Brasil não adotam por aqui as mesmas tecnologias que adotam em seus países de origem. Aqui, fabricantes como Volkswagen e Mercedes-Benz não produzem os veículos híbridos e elétricos que já são vendidos em seus países e nem mesmo veículos adequados às normas Euro 6 que entraram em vigor na Europa em 2013. Ou seja, sequer trazem para o meu país a tecnologia que já adotam em suas matrizes há quase uma década.

O Brasil, no entanto, já possui um programa nacional para o controle da poluição do ar por veículos automotores, que determina a fabricação e comercialização de veículos cada vez mais poluentes com prazos bastante razoáveis. Mas a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) insiste em adiar ano após ano a implementação das medidas necessárias para a adequação a essa lei. Um estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade demonstrou que, caso esse programa fosse implantado em 2020, como a lei previa inicialmente, apenas em seis regiões metropolitanas do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Curitiba e Porto Alegre) seriam salvas 10 mil vidas, com uma economia de R$ 4,6 bilhões em produtividade e internações hospitalares.

Achamos essa situação extremamente injusta, por isso decidimos questionar na Justiça o uso do nosso dinheiro por empresas multinacionais que aparentemente não estão preocupadas com as nossas vidas e de nossos filhos. Formamos um pequeno grupo de mães e pais para, num primeiro momento, ter acesso aos projetos que estão sendo avaliados para a concessão do financiamento com dinheiro público. Agora, estamos preparando uma nova ação para questionar a legalidade desses incentivos justamente em um momento em que devemos focar o máximo possível de investimentos na transição para uma economia zero carbono. Queremos que a lei seja pelo menos reformulada para incluir exigências ambientais justas e ambiciosas, que nos coloquem na rota da necessária evolução tecnológica e ética deste momento histórico que vivemos. Nosso apelo é que a Justiça brasileira reconheça que políticas públicas como essa, assim como a era dos combustíveis fósseis, devem ficar no passado.

Sabrine desde Brazil

meu filho e eu temos problemas agravados pela rinite e meu filho tem asma sazonal causado pelo clima.